sábado, 26 de dezembro de 2015

Labareda de Delfos


Oh pitonisa.
Tão labareda ainda.
Tão chama e escuridão.
Teu suor pecamina.
Tua boca solidão.
Tua lembrança estado.
Tua boca tão cinza.
Oráculo.
Oráculo.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Do barulho do mar

Do barulho do mar,
do doce da lagoa
nasce o mosquito
esquisito que me mordeu
todo prosa e "creído"
Achando que sua existência é maior...
E maior é.
Um bicho que me come.
Um bicho.
Que em mim adormece de dentes cerrados.
Que me enlouquece
Machuca, espanca meu interior.
Sacode meu eu.
Me estremece de tanto horror...
Coisas tão desnecessárias, mentirosa e brutas foram ditas.
Coisas malditas.
Eu não sou mais que um poema.
Trágico, mas bonito.
Saio assim de bico, em bico...
Chutando tudo de raiva, por mais uma vez sair sem nada...
Fazer o quê se eu sou esse lado.
Conto com minha fé.
Tão incômoda ao bendito.
Dito.
Salve...
Que Oxaguiã continue exigindo meu destino.
Que Ogum continue a levar minhas pernas onde eu deva estar.
Que Oxum, doce, doce mãe, continue a me mandar presentes tão ricos.
O meu tudo é viscose, o meu tudo é veludo.
Ouro, conquistas e o mundo todo.
Que seja enfim perpetrado a porra que o destino já fez.
Que o Aion fique claro.
Que minha carne esteja em paz.
Mesmo que ferva, e lute, e vença... 4mg de não quero dizer o quê, nunca vai ser brinquedo não.
Sou bufalo puro.
E tubarão manso. 
E leoa implacável.
Águia pode tudo.
Sou aquilo que lebram meus ancestrais e mais.
Evolução.

Quando vejo Reis e Rainhas dançando comigo, suspiro.

ilustração*by Enki Bilal

domingo, 20 de dezembro de 2015

Sem tua respiração hei de morrer um dia...



Sunset over a Lake
William Turner 


Eu me esgoto em gás, luz e poesia.
Eu me esgoto sim!
Agora mesmo e sempre me esgotei por um dia.
Perdi palavras procurando a caneta.
Perdi poemas procurando papel.
Perdi você tentando cavar explicações...
A vida.
Tão +.
Tão selvagem.
Finita.
Caída.
Tudo se trata de um vírus...
Zica.
Tudo se trata de um deus..
Razão...

Te espero acordada na porta.
Vestida de Azul.
Tomo Coca-Cola, mesmo que seja mortal (rs)
Meu cabelo é negro como sempre quis.
Meus olhos são negros como sempre quis.
Tudo um sorriso.
A saia é curta.
A sala, branca.
O tapete, laranja.
O céu, descoberto.
Cadeiras de vidro.
E Aguá...
Errei o acento.
Descubro-me sóbria dentro de tantas bêbadas, em mim.
Descubro-me muitas e "sola".
"Soy el descontento".
Tua boca não está no gibi. 
Teus olhos, um hiato.

Mas.

Ai de ti se me viu água...
Porque sou Turva.
Redemoinho.
Turbilhão.

Olhos de vinho? Venha não!
Tu desejas, guerreia, tem, enjoa e morre.

Eu?Não!
Não.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Todos os medos e dias do mundo

Saio de mim à procura de ensaios de você,
tão líquido e metálico como deve ser.
Tão lança, nunca ofá, Erinlé.
Saio à procura de rebentos, barraventos e ventanias...Chicago e Alexandria.
Tantas bocas pousaram no teu corpo que todos dizem que não te amo por não me importar...
Acontece. Que existo.
Period. 
Parcimônia e...
Subversão.
Preparem os venenos.
As guerras de amanhã são líquidas.
Oxum está.
Guiã também.
E eu? Sempre a te comer vivo...
Antropofagia.
Antropofagia.
Magia.
Gia.
Grão.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A pele que habito

Franz Von Stuck
Hölle

Há novos ratos no porão.
Sujo e escuro.
Insano e infinito.
Dos meus intestinos.
Meu estômago grita muito mais alto...
Que minha boca sem vergonha.
Ratos roem Roma, romeiros, romãs e romances inteiros.
Ratos obtusos.
Ratos no porão escuro.
Da minha doente mente.
Agora tenho medo do orvalho.
Agora tenho dentes no meu pescoço.
Ratos nos meus pés.
E culpa sufocante.
Na minha pele.
Como diria Almodóvar...
A pele que habito.
Caro é o brilho do sol.
Apolo...
E no fim... ratos roem tudo.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Para quê?

E de repente o desespero de estar viva bateu profundo.
E minhas pernas sumiram outra vez.
A cabeça coalhou.
E eu não tinha ninguém.
Então caí.
Sono Profundo.
Por dias e dias tombei. 
E sem um pingo de sua voz, a não ser a bêbada que me feriu ainda mais,
então querendo respirar...
Enfiei guitarras elétricas na minha pele.
E raios molhados na minha garganta.
E como múmia cansada a insistir na vida.
Me arrastei pelos paralelepípedos da Cidade Velha.
Esfarrapada e excêntrica.
Sozinha e firme, sem um pingo de lágrima.
E disse a mim mesma, outra vez me curei.
A custa de copos e copos.
E comprimidos para dormir.
Sou toda mesma Selvagem.
Selvagem.
Porque não admitir?
E assim sendo um bicho, tua crueldade tão gratuita, nesta terça tão azul, me assustou...
Faz um calor tão lindo por aqui.
E eu querendo falar com você.
Para quê?



sábado, 5 de setembro de 2015

Tu me fazes um mal necessário


Homem e Mulher
Pablo Picasso, 1929

A nota oficial do meu dia declara que você faz mal...
fazer o quê?
Tem um jegue reclamando aqui fora
e isso é real...
Você faz mal mesmo em que sentido?
O jegue é real!
Deixa-me mais louca?
Mais indecisa?
Mais violenta?
Ele grita sem sentido.
Ou seja... tudo que sou, caso nem queiras...
É o teu corpo que consome...
Tenho ganas infindas...
Porque reclamar?
Nada me deixa mais viva.
E acordada com os pássaros...
Do que a certeza de que você me odeia.
Raivosa e lânguidamente.
Raivosa e deliciosamente.
Venha oportunista.
Farte-se.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

The day of...

Today
in the day of the middle
in the middle of the avenue
in the people of the middle
in the middle of this nothing
in the fever 
those fever
fever of my chest
tropical disease
thats you!
you into the middle of my dearest memories
you
your sad eyes
your skin
you
and the blue velvet of your blue reptile blue
your skin
you
this sweet red taste of your red sweet lips blue
blue
you
beautiful and brutal
you
terrible blue you
your moral construction
reasons
coldness
and
I
lonely
sad
I
and my ghosts
all this Feira de Santana stuff
tropical
brutal
blue
you
at least, so David Lynch


by me and my friend Caparroz.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Barulho e erro de conexão.

Te lembro.
Lembro de você.
Mesmo após o erro.
Erro de conexão.
Que me faz parecer ridícula.
Cheia de precisão.
De teus dedos.
No teclado.
Da tua voz,  do teu rosto, enfim...
Queria falar com você.
Mas você não fala mais comigo.
Erro de conexão.
Teus olhos de lobo a me perseguir.
Disfarçados de morcego.
Sempre a me ferir.
Queria falar com você.
Mas você foge.
Eu pouco compreendo.
A cachorra late.
Desesperadamente.
É tanto barulho, impossível dormir.
O celular acordou.
Despertador.
A cachorra late.
Eu finjo fazer poesia.
Choro um choro descarado.
Imploro.
Rezo.
Aos deuses, uma palavra.
Um sinal.
É São João?!
Preciso retirar a minha dor.
Porque a alegria quer passar.
Erro de conexão.
Barulho.
Bombas.
Música assustadora.
Confusão.
Anseio.
Desesperadamente.
Você.

sábado, 16 de maio de 2015

Coração Selvagem

Acordo bem.
Até sorrio.
O café pula pelo fogão, pia e chão.
Não sobra nada para mim.
Vou pro banho que dói de tão geladão.
Tento sair.
Chove mais uma vez.
Chove na minha roupa e na minha cozinha também.
A visita levou o guarda-chuva que já não era meu.
É meu destino.
Espero uma chamada pelo Skype.
É meu destino.
O "sábado" aperta meu juízo.
O Buchanan's rejeitado ontem, chora na estante... chama!
Aprendo quem é Louis Calaferte com minha amiga Marie.
Não acho nada dele em português.
Lamento por todas as línguas que nunca terminei de aprender.
Minha cabeça voa.
A chuva já é muita.
São os redemoinhos do meu corpo a tentar domar a água que me consome.
Aquele desespero claustrofóbico que me assombra pega agudo!
Segundo gelados me fazem pensar:
O que vou fazer com meu coração selvagem?
Onde vou pousá-lo durante a chuva?
Precipito-me.
O desespero me empurra.
Vou lá fora chover também!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Das máscaras e das ágoras... e do inglês medíocre!

I'm so confused...
It's so hard!
It's so ugly!

Tantas máscaras...
Mas pior!
Tanto julgamento.

É tão fácil parecer bom.
É tão fácil parecer certo.
Meia dúzia de conceitos.
Difícil é transgredir.

Mudar!
Se Adaptar!
Reagir!
"Retroceder nunca, render-se jamais!"

Criar é coisa dolorida.

Não há retorno à natureza, nunca haverá.
Somos domesticamente urbanos.

Choro profundamente, ouvindo Jhonny Cash.
Um carro acaba de se arrebentar na "lombada".
Coisa feia...

How can I say?
I'm so tired.
Everything is so cold.
So old.
And that poison... in my vein.
That poison from your skin!
I'm afraid.
I'm in love.
I'm focked!

For ever.
And ever.
Hahaha!




quinta-feira, 2 de abril de 2015

Estonteante fome, áspera e cruel

"Frémito do meu corpo a procurar-te, 
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,

Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!

E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas...

E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas..."


Frémito do meu corpo, Florbela Espanca.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Mar grande

Mar grande à vista.
Olas y más olas.
É o mar que me confunde.
O som.
A batida e explosão.
Eu que sempre fui tão líquida.
Tão salgada quanto doce.
Até em chuva...
Ácida de Cubatão.
Eu que fui tão barco, tão porto, tanta solidão.
Hoje sou mata-selvagem.
Aprisionada em tons de verde.
Entre troncos, madeira e aranhas.
Pássaro capturado.
Tão perto do mar novamente.
Tão longe da razão.
Dioniso exigindo sua bacante.
Apolo renegando sua pitonisa.
O destino que nunca é o que queremos.
É a noite que me possui todos os dias.
24 horas.
Mata-selvagem.
Escura, indecifrável e quente.
Semi-selva.
Ainda sou a água que te constitui...
Vou escapar.
Sempre vou escapar.
Pássaro rebelde.
Tão disposto ao céu.
À vida.
Mar grande à vista.
Céu...

domingo, 22 de março de 2015

A verdade é sempre piegas!


Acordei tarde.
E dei de cara com minha verdade piegas.
Sou mais um número horrendo.
A matemática afinal.
Volto a querer que tua beleza volte ao inferno donde veio.
Afinal...
Sou mais um número horrendo.
Totalmente abandonada,
com minha natureza selvagem.
E dormi muito.
E voltei a ter pesadelos com água.
Ela me cercando toda.
Todos me assistiam morrer.
Afogada.
E a água tinha gosto de gasolina.
Era fogo.
Era você e um pouco de mim.
Afinal.

Quero é restar pedra e voltar a não sonhar e esquecer dessas tantas palavras.

sábado, 14 de março de 2015

No último minuto!

Nesse baile de máscaras, todas mágicas, não podia faltar o absurdo de você faltar. 

Tens a alma mesquinha, não me deu nenhum pedacinho de você.

Essa porcaria de poesia é recorrente e cruel e você não devia me deixar tão entediada.

O tédio é praticamente ilegal nos dias de hoje.

Apostei tão errado na missão de viver um cadinho na tua mata-selvagem.

Queria sua mata-selvagem, mas vi que acabaram as chances e elas nunca nem foram assim tão verdadeiras.

Queria somente seguir, por maiores que fossem os precipícios, sem nunca mais esquecer e dormir.

A vida é doce e curta.

A vida é imediatamente viver.

...



sábado, 14 de fevereiro de 2015

Soul Kitchen

Sinto saudades sua e mais água ainda jorra de mim.
Expilo trilhões de chôroros e já voltei a não dormir.
Procuro todos os seus avatares, nunca procurando você.
Padeço. 
É a febre de calar.
Não aprendi ainda a viver sem tuas palavras.
Sou como uma criança. 
É o eterno recomeço. 
Sinto saudades das cores do teu olhar, do teu viço. 
Sinto muito.
Sinto saudades sua. 
E tenho morcegos bebês sobre minha cabeça, você bem sabe.