domingo, 25 de abril de 2010

Vaidade #2

Eu não quero parecer piegas, meu Deus do céu em absoluto! Nem demonstrar grande erudição ou sensibilidade da alma, essa última entendida como, digamos, "delicadeza". Sim, meus caros e raros , eu sinto e muito, mas, esclareço, não é só "delicadeza" que sinto. Além do mais, é sabido, tenho uma relação de amor e ódio com a Portuguesa. Fera de cabelos negros.  Revoltos! Não a domino, pelo contrário, ela sempre me trai, mas como em todo caso desse tipo, traí eu ela também e antes, quando não pude à sua beleza dar forma e vazão.

É o que quero dizer é desculpe-me! Se os aborreço com tamanha melação é porque a melação me agarrou, senão, não.

Ser poesia não é só comoção romântica, nem heroísmo conveniente.
Ser poesia é ser um pouco podre também.
Eu não quero parecer piegas, mas às vezes pareço, e daí?
Eu não quero errar e despi-la mas às vezes o faço, e agora?
Eu não quero parecer bruta, mas é inevitável!!!

sábado, 24 de abril de 2010

Mel

A mesmice da melancolia me enfadonha, por favor matem-me de paixão lancinante, espessa, líquida e vermelha. Quente!

Desespero que amarela a pele.
Sem boca para poesia.

- Sim, eu também faço com a boca.

Também!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Beijos




Finalmente sonhei que beijava teus pés.
E enfiava a língua direto no céu da tua boca...
Te mordia nos suspiros, nos gemidos e grunidos
que vinham do fundo de mim.

Nossos olhos bêbados se entrecortaram,
faíscas doces me revelaram o caso:

-deixei correr a angustia quente que me segurava sã,
olhei mais uma vez para todo aquele improvável...- 

Abri meu corpo para o búfalo mudo.
Não o outro, céu feroz... Urano.
Não senhores!
Zeus puro!

Minhas pernas sumiram num arranque mágico...
- Huummmmmmm!!!!!


Acordei!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ele


Der Nix - 1884
Ernst Josephson

Trancaram ele dentro dela,
e esqueceram de a salvar.
Podem olhar boca adentro... que nela,
ele tá lá dentro.

Sufoca e não morre e ela nem foge.
Não foge, quem diria?

Não pensa, não faz, não sonha.
Pesadelo!

Ele comida que devora.

Ela, ôca.
A quem o oráculo avisa?

- Acorda!
- Acorda!