sábado, 26 de novembro de 2016

Césio 137

Caíram minhas pernas débeis.
E meu porto seguro.
E toda a ilusão se esparramou luminosa e mortal.
Césio 137 escorrendo pelas paredes.
A Casa, antes da Água, antes segura.
Me contaminou.
Não há chão para minha existência.
Apenas fina corda bamba.
Carnificinas, atrás de carnificinas.
E minha existência-areia se confundindo com o mundo.
Apocalipse total.
Morreu Fidel.
E isso também já não importa.
Estamos todos já em Ruínas.
Sob escombros.
Enterrados.
Porém vivos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

#4

Quanto de mim ainda reza pelo céu?
Quanto de mim ainda não se conformou com o chão?
Coruja de asa quebrada.

Arrasada pelos tiros de badogue.
Longe de tudo.
Atacando sem direção.

Pássaro ferido de grito o desespero de ser bicho sozinho.
Mesmo ave que caça.
Ave de Rapina.

Pra bicho de nossa cepa é impossível viver no chão.
Voam assim as predadoras aves.
Durante a noite.
Durante o dia.
Sempre, sempre matando.
Di la ce ran do

Dilacerando carnes e comendo riachos.
Aves de Rapina.
Aves de Visão.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Versos secretos #1




Tirei tuas mãos da parede hoje.
Não consegui tirar teu cheiro da cama.
Nem tuas penas, Ave de Rapina.
A me cobrir Vermelha.
Lancinante.
Certo.
e Gozoso.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O Barranco do Barranco... P O E S I A!

Quantos Dogmas devo escolher?
Quantos Deuses querer?
Quanto de Vento, e Mato e Mato e Mato devo eu conter?
Esmurre cada lágrima que dei…
Esmurra, Reggae, Rasta, Caboclo…
Jogue no Fogo.
Esqueça.
Esqueça.
Esqueça, e pare de cantar a terra garrida e,
Minha música preferida.
Esqueça você primeiro…
De verdade.
Depois.
Eu também.
Mas enquanto isso guardo o teu cheiro nos meus poros.
Nas minhas glândulas, canais.
No meu absurdo de existir. 
Nos meus ais.
Pare música.
Geografia.
História.
Literatura e
o Barranco do Barranco
P O E S I A.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

La Culebra

De toda, tudo, todo.
Teu sorriso.
Descarado e malicioso.
Continua.
Me caçando de veneta llamando.
E tu diz sempre.... Foi você que começou.
Adoro todo drama.
e Cama.
Como sempre, e sempre.
Again and again.
Amém.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Perfeições...

Hão árvores tremendas entre nós.
Uma floresta inteira a percorrer, correr, recorrer.
Praticamente não temos sombras.
Sussurros.
Beijos na boca.
Ou na nuca.
Só o Uivo nos une.
Flamejantes e Descuidados.
Trepamos na Lua, com a Lua.
Fazer amor nunca!
Esse segundo Bezerra da Silva, não se fabrica.
Seremos cinzas no próximo século? 
Não?
Porque evitarmos só o Fogo então?
Queimem-se.
Queimem-se os vivos.
Só eles podem gritar de dor e alegria.
Queimem-se.


Ouvindo Ibrahim Ferrer… e calma como uma marola...

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Poesia Confessional

Esmagada novamente me desperto.

Tropega.

Desorientada de mim e sozinha fazem séculos,
No susto e com o respiro me levanto.
Procuro as chaves. 
Saio ainda bêbada pela Rua da Feira.
Pensando que não tenho pra quem ligar.
Nem tenho celular.
E depois de tudo.
Depois de tantos e tantas.
Porquê ficar?
"Você pode ir ao inferno minha filha, mas seu Santo tá aqui!"
Não achei as compras de ontem.
Os cachorros já não comem como antes.
Porquê ficar?
"Veja bem, quando ele está, não fica bem você beber na rua. Parece que você está atrás dele. Pra uma mulher não pega bem."
Não há Moto-táxi em frente à Faculdade.
Deve ser cedo pela neblina.
O cheiro da cidade é sem igual.
Porquê ficar?
"Não acredito que ele deixou você!"
Moro longe, tenho fome.
Tive pesadelos com os olhos de Odé. 
Porquê ficar?
"Ele te comeu para destilar uma mágoa"

Acho um carreto que me cobra 30 reais, sendo que sei que custa vintão.
Tenho que levar o pássaro azul...
Não tem jeito.
Porquê ficar?
"O preço da gasolina tá caro dona" (principalmente para as que tem cara de polonesa)
Agora sim, sei que é luta ser negro.
Agora sim sei que nunca fomos um país inteiro.
É cedo, é cedo!
Pessoas com roupa de ginástica a caminhar.
Sol e sorrisos.
Tudo que eu sinceramente acho sinistro.
Porquê ficar?
"Aquela Francine é mesmo barril, tinham três garrafas de champanhe lá..."
E não reverbero mais nada do que meu Axé...
Penso no caos da casa.
Sinto amor por meus cachorros e meu cavalo.
Rita e Raul também.
Chego com a grama molhada.
O céu, o sol, a sifonia mais perfeita a tocar.
Pássaros, pássaros, pássaros.
Sinto falta de Antônio, meu amoroso pai.
Ele lá na desgraça de São Paulo.
Choro por não conseguir imaginar que ele pode nunca mais me enxergar.
Choro por Alegria jogado na poeira e por Zoreia, morrendo na rua.
Não há compaixão em nenhuma esquina.
Somente os Orixás Mensageiros fartos e sorridentes de tanto comer do "querer" de muitos.
Porquê ficar?
Tomo o Rivotril que me deram...
Aquele de antes.
Porquê ficar?
Só existe o fascinante canibalismo da matéria.
O futuro é apenas a possibilidade.
A Existência pertence ao presente.
Porquê ficar?
Tenho de tudo, menos o Medo.
Não sou Muralha, sou um Oceano.
Adaptação.
Ora líquida, ora sólida, ora ar.
Levantar e Ser todos os dias.
Isso me faz ficar.