domingo, 8 de maio de 2016

Anjo Carcará


Como pluma, anjo aborrecido senta com os pés na cadeira vermelho sangue.
Anjo?
Assusta-me sua boca engolidora de sonhos.
Assusta-me porque já a quero...
Carcará vaidoso.
Que estufa o peito mas ainda flana, ágil como toda ave de rapina...
Pressinto carnificina.
Minha pele e razão em perigo, meu fígado comido e regenerado...
Um Castigo-Prometeu, de não esquecer jamais teu cheiro de sol.
E cachaça.
E ira.
Anjo Carcará sumiu.
Desapareceu nos Sertões que carrega em seu próprio peito.
E não quer posar pra mim...
Ave mortal.
Deixou a mulher Coruja, sozinha, querendo antropofagia.

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