sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O Quarto de Hotel

O Quarto de Hotel de Edward Hopper, nunca sairá de mim. Essa é minha maldição pessoal. Sou eu ali sentada a ler aquele bilhete que me fará novamente fugir ou deixar que peçam para eu ir embora, partir! Sou eu ali de cabeça baixa, ombros em total dependência e tristeza, mãos em delicado desespero, enquanto malas cortam o canto do quarto em pulsante abstração. Minha cama eterna de solteiro é minha locomotiva... E não há mais o quê dizer.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Pedra ou Medusa

...E aí eu realmente pensei que as imagens me salvariam, tirariam a lava de dentro das minhas cavernosas e cansadas veias, quase diamantes já, mas o universo me nega andamento... 
Talvez tenha faltado oferendas a Hermes de pés alados, talvez! 
Insultei aos céus? Insultei o mar? Insultei caminhos? Sim, insultei! 
Era real que eu caminhava, cuspindo carvão sempre, mas caminhava, hoje não sou cágado, sou pedra! Muda e estéril, ser-sempre que é ser pedra. 
Enfim, não tenho imagens para dar, nem um boa língua portuguesa a oferecer, só mais do mesmo sentir. O sentir e não se mover. 
Sou passageira indefesa de mim mesma, paralisada numa triste estação.
Sou pedra e Medusa, agora e nada mais.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

E de repente Berlim, em mim.

No meio da solidão, saudade.
Enorme como costuma chegar.
Silenciosa como melhor costuma ficar.

Minha melhor foto é sobre amor.
Amores tão vermelhos, quanto outrora escondidos, esmagados, destruídos... 
Amores reais.



Monumento- Homenagem ao Amor Gay, no Parque, justo próximo, onde esses Heróis faziam do duro chão, seus luxuriantes Campos Elísios...

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A Vida

A vida da Pitonisa é transportar.
Queimem os incensos que começo a murmurar, lentamente...
E de repente é o destino que fala.
Sim, Velha Senhora, já me preparo em cenas abstratas.
Profetizo já baixinho, de pouquinho...
Pretendo meu destino cumprir, entre nossos símbolos.
Assim reconhecerás o caminho.
E Ele? Ele também saberá.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Chavela Vargas cantando Facundo Cabral

Para lembrar de mim, adormecida.



"Me gusta el sol y la mujer cuando llora
las golondrinas y las malas señoras
abrir balcones y abrir las ventanas
y las muchachas en abril

Me gusta el vino tanto como las flores
y los amantes, pero no los señores
me encanta ser amigo de los ladrones
y las canciones en francés 

No soy de aquí, ni soy de allá
no tengo edad, ni porvenir
y ser feliz es mi color
de identidad

Me gusta estar tirado siempre en la arena
y en bicicleta perseguir a Manuela
y todo el tiempo para ver las estrellas
con la María en el trigal

No soy de aquí, ni soy de allá
no tengo edad, ni porvenir
y ser feliz es mi color
de identidad."

domingo, 21 de outubro de 2012

Voz

Há na minha voz algo de não calar nunca.
Algo muito sério.
Muito exigente.
Muito diferente.

Algo que me tira o humor, fazendo azeda a comida e que me indispõe com vizinhos.
Grito como Joana, a Louca.
Sou louca.
Estou...

Em tétrico caixão a sete pés.
Apodrecendo viva, eu não queria falar...
Que fui eu mesma que deitei e deitei a chave fora.
Destino marcado, nenhuma escapatória.

O que quero eu?
Depois de encenar tantas vezes...
Algo muito sério?
Muito exigente?
Muito diferente?

Acho que só posso ser Joana.
Carregando comigo um corpo pelo reino tanto tempo.
Não é amor, é esquizofrênia tardia.

domingo, 14 de outubro de 2012

Que veio da Porta #1

Queria deixar nua tua imagem, mas é impossível de preservar...
Mesmo que única.
Mesmo que perfeita.
O líquen há de se instalar...
Primeiro em tua dobras, depois em tua mais fina tez.
Estátua que és.
Fica cinza e verde e sozinha no jardim francês
Des Tuileries.
Des Luxembourg.
Como eu fiquei.
A porra da vida garrida e fedida que me trouxeram.
És grama em contenção.
Quero morrer para viver se for preciso.
Gritar até!
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

domingo, 7 de outubro de 2012

"Aí que saudades eu tenho da Bahia..."

Porque a Paixão não deve ser controlada.
Otto outra vez.
Marcando-me como gado.
Em todos os heterônimos.


Otto 
Janaína

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Para indagar?

Tudo no escuro é muito escuro, o breu é muito breu, piche indecifrável, so...


Put The Blame On Mame, 
Gilda, 1946

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Para me lamber com beleza

Amsterdã
Café da Torre das Carpideiras

domingo, 2 de setembro de 2012

sábado, 1 de setembro de 2012

Não o Breu não passa!

Ele voltou com as Velas...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Poesia Negativa



Entre o Topkapi e o Museu Arqueológico

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ao cantar para o infinito # parte definitiva

Ao cantar para o infinito não queria ver muito dos teus sonhos verdes, mas eles são o meu tapete, o tempo todo, me agarrando pelos pés, ao meu redor, às vezes me compondo, como água do mar. Esse verde é de mata, é de morte, é de luxúria, esse verde é cabana sufocante sem endereço com chuva forte... Mas que posso mais fazer, o que me sobrou? Afinal? Além de correr, escorrer, escorregar por todo verde pesado que você me preparou. Absinto. Estou na cabana encharcada, não? Não há saída da veloz e bruta chuvarada. Absinto, da velha garrafa! Absinto porque não sou daquelas almas que negam por proteção, a vida tão ruim quanto quente que me deram... Absinto, meu amor! Absinto.

domingo, 19 de agosto de 2012

Chuva de Ouro

Falar por escopas???
E por barras..!

A poesia é como flor que explode.
Embota.
Embota a gente antes de sair correndo pela garganta.
Um instante.
Você perde.
Carece.
Por exemplo, Eu!
Eu quero entoar uma poesia...
à tua "multiplicância" tão propícia.
Tão pele e beleza.
Perfeição...

Espero sair rosa e não sopro de nada...
Susto, susto mesmo!

Que posso dizer, senão...
Te amo,
te amo, te amo!
 Danae,
Gustav Klimt, 1907

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

##21



Mares Proibidos.
Distâncias infindas...

Eu também sonhei que te via na janela, por todo o vidro...
Só que eu restava nua como sempre. Sem vergonha.
Sem teu vestido preferido, aquele azul que você deu.
Índia...
Teu barco bêbado cheio dos cheiros das mulheres, tantas elas.
Minha casa e peito ansiosos, sem sequer pesar quantos seios foram seus.
Era a boca tão oceânica quanto a minha, o homem com olhos que chegava...
Marrano meu!
Nunca soube que com minha magia, enquanto tua cara pintava,
amarrava tua alma à minha, nem que fosse os olhos teus.
Nem que por tantas vidas, o preço dessa magia, seja só desejar Marrano meu!
Tenho casa, tenho vidro, tenho madeira e fogo com o qual estou bem acostumada.
Índia... 
Mas quanto a você só posso gritar por teu regresso.
Quiçá um dia seguir tua embarcação.
Teu refúgio, outros Mares, é ladrão de nós...
Nós. 
Impossíveis e belos que somos.
Ladrão cruel, ladrão certeiro, ladrão insano!

sábado, 7 de julho de 2012

Estou tão sozinha agora # sempre1

Estou tão sozinha agora que não pude colocar uma escopa na frente de um número sem chorar... 
Sou, e sempre.
E, não adianta!
Sou, e sempre, e última! 
Falta pouco tempo, tão pouco tempo...
À Sereia que já bem sei... 
Úuuivo, filho cordeiro no Mar, Velho-Curvo.
Em Ar, em Gelo, mesmo dizer que sou...
Força, elemento.
Pó em Terra, fundo DNA de Ceres, não só Vulcão, não só Vesúvio... 
Sou é tudo!
Princípio, começo...
Sou eu Leão por fora, Cordeiro por dentro.
Sou Eu! 
Flôr de Sol, e de Lís, e de Azul Celeste.
Sou até Pérola, a Concha.
Hoje sou Lágrima.
Pura e simplesmente.
Lágrima, e sempre.
E, não adianta!
Sou, e sempre, sozinha...
Agora.

Enfim o eterno imaginado...

E conseguido???
Doce espiral de torturas, te capturei?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ninguém moverá uma palha

Eu morrerei e ninguém moverá uma palha.
Eu serei extinta, deceparão minha vida e ninguém moverá uma palha.

Eu sei, eu vejo, eu atesto.
Decrepitude.
Decrepitude.
Por todo lado tinto desespero.

E um esforço enorme por nada fazer.
Tanta carne ao lixo.
Tanta matéria derramada.

Eu morrerei, tu morrerás, ele morrerá e a Terra morrerá também.
Não haverão palhas.

terça-feira, 20 de março de 2012

Melancolia

Há tantos eus em mim que precisam ser sufocados.
Apagados.
Mortos.

Esses eus todos me matando, exigindo, querendo,
e sentindo uma saudade imensa dos teus pequenos olhos.

Há tanta coisa perversa e dolorida a me cobrar mais,
e mais vida...
Tantos flashes, tanto passado na pele e no cheiro das esquinas.
Tanta vontade de ficar.
Tanta necessidade de partir.
E "Going to California" começa a tocar no rádio
E...


parece meu apocalipse particular...
Palmas!

sábado, 17 de março de 2012

Breve justificativa em prosa.

Será breve eu prometo... Tem sido constante o meu editar de postagens, pois tem sido constantes as doces bebedeiras.
Alcoólica anônima? Nunca!

Ahhhh, Háaaaaaa

Que grande orgulho que eu tenho daquilo que agora quero muito exibir.
Quero parecer o alfa.
Mas manca sou.
Manca e verde-amarela como todo manco
Mas vivo e sem objetivo como qualquer um.

Que coisa Marte te encontrar em sonho e dormir.

Que lindo!

É sim verdade

Que doce obsessão é essa que nos inunda quente?
Que louca obsessão nos inunda sempre.

Você aí.
Eu aqui.

Sempre a conhecer-nos, sempre evitando sermos amantes...
Sempre amigos.
Nem que se caguem brigas, muitas brigas...

Somos mesmice e prego.
E lava cinza.
Somos tudo e tudo ao mesmo tempo.
Como sempre dissemos...
Que se foda a piedade.
Que se foda a piedade intelectual...
E, é claro, toda e qualquer noção de tempo...

domingo, 11 de março de 2012

Ilha do fundo, do fundo, do Egeu!!!!

Ele é turbulência, lógico que é.
é madeira, whisky, é dourado-marrom...
com gosto de álcool,
com gosto de sangue!

Houve transformação...
Oh! Meu Deus!
O que fazer se meus cabelos se engrenharam com os dele????
E ele!

Saudade de verdade!
Antena, nada, nádegas, movimento, trem, azeite e vento....

sexta-feira, 9 de março de 2012

Se você queria...

Se você queria magoar, magoou.
Se queria provar que não liga mais se meu cheiro está no ar, provou.
Que meus problemas foram maiores que meus olhos sempre embriagados e suplicantes de atenção...
Que, enfim, sou passado, fui...
Eu continuo esfolada na calçada, acredite.
Sarjeta.

Você?
...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Finalmente não ser.

Hunt for the wild
Franz Von Stuck

Para enfim voltar a ser eu mesma, preciso dormir a metade que durmo e beber o dobro que bebo.
Você diz então:  -Meu amor, no mínimo!
E meu pai diria : É tão feio mulher bebendo...
O que posso fazer se a cada passo mais me sinto,
um leão, uma besta-fera, um vírus estranho a tudo, um não-rótulo...
Lá dentro?
Algo que necessita urgente de certa diluição...
Isso mesmo!
Um furacão, uma tempestade vermelha em Marte, tão assustadora como uma carpideira.
Nas areias alienígenas, rege o eterno uivo post mortem.
Isso mesmo!
Álcool e pouco sono.
Álcool e solidão com tv-ecologia vomitando o inevitável.
Tragédias que veremos nascer.
Nem mulher, nem homem, nem explicação...
Somente elemento, meus belos fascistas...
Somente elemento.

(e longas rimas pobres-sinceras, arraigadas de dislexia).

 

 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Hora de Partir #1

É o magma que me arrebenta.

É um calor que cria, molda, renova, possibilita...
Veias de vermelho-laranja a esmagar represas de águas mansas, e.
...E águas raivosas a derreter meus olhos.

É o magma que me movimenta.

Um calor desconcertante que explode...
Num último vagueio lanscinante de loucura, antes de acordar.
...E águas raivosas a colorir de sangue meus olhos.

É novamente o amor a escapar dos meus dedos.
Virando cinza.