terça-feira, 30 de março de 2010

Dadaísmo



O sussurro do sapo é espetacular.
Por quê?

Porque quero.

A sombra deve ser espetacular também.
Porque sou.

Sombra de uma ventania passada.
Pasárgada?

Ecos de nada mesmo.
Audição.
Adição.

Som, som, som...

Onde estou?
Então!

Perdida entre espelhos.
E nos teus pêlos.
Cheiro, saliva, boca, mordida.
Pasárgada?
Não!

Tempestade aprisionada, ouvindo sussurro do sapo, enquanto ecos de nada afetam sua audição perdida.
Onde estou?

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Céu não tem nome.

Libertem as asas do céu,
já não é dia!
O pássaro pia.
                 Pia.
Ninguém quer mais aquele egoísta.

Libertem as asas do céu!
E da coruja também.

É noite e todos querem errar,
escorregar no tempo a troco de uma ressaca,

Vagar entre os lábios...

Vermelho-sangue.

Da tão sozinha,
então mulher mais bonita.

Pia, pia, o pássaro branco
e fecha o cortejo do desejo.

Louco, único, mas sempre.
Toda noite depois do dia.

sábado, 6 de março de 2010

Ginsberg adorava suas mãos no escuro.

Voltar a ver os marinheiros no cais, caminhando a dançar em suas carnes luxuriantes, corpos perfeitos com cheiro de mar.
Perfeitos.
Verdadeiros tritões que andam, e...
beijam, e falam, e calam, soberanos em sua beleza.
Beleza esmagadora.

Allen Ginsberg adorava suas mãos no escuro,
e suas bocas também.
Segredos do mar.
Sêmem de Urano.
Beleza da qual nada foge.

Voltar ao cais.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Balões

Essa noite sem estrelas, de nuvens tão carregadadas é perfeita para te velar. A ti... você que já foi um tudo para mim, preenchia tudo...simbiose tudo e agora morre.
Perfeita noite a te velar sem qualquer pestana humana, nenhum descanso àquela que amou e jamais foi notada como quis. Agora vela...
Não quero piedade de mim mesma, foi afinal ela que alimentou toda a fraqueza que te sustentou tirano.
Abusaste da minha confiança e me transformaste em amargura ambulante.
Que os ritos se iniciem, o cheiro já passa a incomodar a todos...
Meu pacto acaba hoje, na madrugada.
É bom que o mundo compreenda...eu jamais serei enterrada, aprisionada ou esquecida.
Nunca.
Me escondo na tempestade.

Sob Custódia

Mulher-Sol
Edward Hopper


Tenho seus olhos negros em mim,
na minha cabeça,
dentro de mim.



Tenho seus olhos negros que não são tão negros,
estão mais para castanho... em mim.
dentro de mim.
Comendo a mim.



Tenho visões estúpidas amorosas demais,
demais.

Doces enfeitam o meu futuro (aquele que desejo)
Doces, na verdade. de azedume certo.

Tenho dores por todo o corpo
e eu não quero teus falsos olhos em nada.
Em nada, nada mesmo.

Os olhos de lobo devem ser sacrificados.
Pudera!

Eu não os quero em mim!